Artigo de opinião por José Azeredo Lopes, docente da Escola do Porto da Faculdade de Direito da Universidade Católica.
Passou um ano sobre a retirada do Afeganistão. Mesmo quem não se interesse muito por este tipo de questões recordará o ambiente confuso, os milhares de pessoas que acorreram ao aeroporto de Cabul na esperança (quase sempre vã) de poderem deixar o território. Muitos sabiam que, afastando-se ao longe o último avião, o seu destino estava traçado. Se fosse mulher, muito pior. Porque não se trataria de uma questão de vingança quanto a uma qualquer colaboração com os “invasores”, mas antes de uma vingança perpétua do novo regime contra os seres femininos.
Deixaram-se para trás muitos dos que nos apoiaram no sonho de um Afeganistão mais livre, mais democrático, desenvolvido e com mais respeito pelos direitos humanos. Hoje, ou foram mortos, ou detidos, ou torturados, com as exceções que vão sendo contadas sobre este ou aquele que conseguiu fugir do território.