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"Este país não é para jovens"

Business School
"Este país não é para jovens"
Terça-feira, 9 de Novembro de 2021 in Negócios online

Álvaro Nascimento, docente da Católica Porto Business School
Confesso que foi a baralhação da notícia do Jornal Público que suscitou a minha visita à página do Instituto Nacional de Estatística para compreender o que se passa como emprego e o desemprego em Portugal. Já o escrevi por várias vezes, muitas das notícias que nos são apresentadas sobre indicadores de desempenho económico - neste e noutros media- são confusas, perdem-se num sobe e desce que, chegados ao fim, nada clarificam. Seria recomendável, nestes casos, remeter diretamente para as páginas oficiais, que em abono da verdade são tecnicamente mais esclarecedoras, estampando simplesmente a publicidade de que a informação é pública! 

Uma leitura cuidada da nota informativa do INE - disponível no seu portal na secção de Estatísticas sobre o mercado de trabalho - revela que a população ativa, depois dos efeitos da crise induzida pela pandemia retomou a trajetória ascendente que havia sido interrompida no final de 2019. 0 crescimento reflete o aumento do emprego e a dinâmica do mercado de trabalho, isto é, o efeito que é exercido na atração de novos candidatos, empregados potenciais. Não obstante o crescimento da oferta, esta tem sido insuficiente para fazer face à procura E, como tal, a taxa de desemprego mantém-se em quebra.  

Mas o tema central da coluna de hoje é diverso, e refere-se à composição do emprego por escalões etários. A mesma nota dá conta de que no escalão dos 16 aos 24 anos de idade - jovens - há 317 mil pessoas ativas, 6,2% do total nacional. Neste grupo há a registar duas curiosidades, que deixo à consideração do leitor para reflexão.

Primeiro, entre os jovens, a população ativa tem vindo sistematicamente a cair, ano após ano. O que até poderia ser lido como um efeito positivo de prolongamento da escolaridade, não fosse a manutenção da taxa de emprego dentro deste grupo, ie., estabilidade da percentagem de jovens que demandam o mercado de trabalho. 

Segundo, e mais preocupante, a taxa de desemprego teima em quedar-se nuns excessivos 24%, quando o número de jovens que procura o mercado de trabalho se exibe em queda. Contudo, entre adultos, a taxa de desemprego ronda pouco mais de 6% e regista decréscimos assinaláveis, revelando a criação de empregos neste escalão, sejam homens ou mulheres.

Veja o artigo completo aqui.
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