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Constança Avides Moreira: “Somos a nova geração de enfermeiros, somos o sangue novo da profissão.”

Constança Avides Moreira tem 21 anos, é do Porto e é estudante finalista da licenciatura em Enfermagem da Escola de Enfermagem do Instituto de Ciências da Saúde (ICS) no Porto. Para si, ser enfermeira é “uma simbiose entre a ciência e a arte do cuidar”. É escuteira, foi voluntária na CAtólica SOlidária (CASO) e a sua missão é “o serviço”. Nos tempos livres? Estar em contacto com a natureza e acampar!

 

O que é que a surpreendeu na Enfermagem?

Desde que comecei a estudar Enfermagem, tive a oportunidade de me aperceber de vários aspetos que desconhecia desta profissão, alguns que não imaginava sequer. Foi uma descoberta e surpresa bastante positiva, descobrir a imensa dedicação dos enfermeiros e as múltiplas competências que um profissional tem de ter. Desde competências teóricas e científicas até competências no âmbito das relações humanas e da comunicação.

 

Então, ser Enfermeiro é …

Ser Enfermeiro é ser alguém que está sempre disponível para ajudar o próximo na sua situação de saúde e doença, alguém responsável por promover a qualidade de vida e bem-estar das pessoas, seja através de apoio emocional ou físico. São os enfermeiros que estão em constante vigilância às pessoas doentes e a prestar cuidados 24 horas sobre 24 horas. Ser Enfermeiro é uma simbiose entre a ciência e a arte do cuidar.

 

“A Católica tem uma genuína preocupação com a nossa aprendizagem e crescimento.”

 

Durante o seu percurso houve alguma referência que a tenha inspirado nesta escolha da Enfermagem?

Os meus pais e o meu irmão não são da área da saúde, mas são uma grande referência de serviço e de dedicação aos outros e considero que são estes exemplos que nos vão revelando o nosso caminho. Em especial o meu pai, que sempre me transmitiu o seu olhar humano sobre a vida e que tem um grande coração.

 

É estudante finalista da licenciatura em Enfermagem na Católica. O que é que distingue o ensino de Enfermagem na Universidade Católica?

A Católica tem a grande particularidade de integrar o ensino prático logo desde o primeiro ano da licenciatura. Isto possibilita-nos ter ligação ao contexto real e à prática clínica desde o início. Somos, desde cedo, desafiados a equilibrar a teoria com a prática e a tirar o melhor proveito disso. Outro fator diferenciador é a proximidade que existe entre os professores e os estudantes. A Católica tem uma genuína preocupação com a nossa aprendizagem e crescimento.

 

“Os enfermeiros têm um papel ativo na promoção da saúde mental junto das comunidades.”

 

O que é que foi mais marcante durante os 4 anos?  

Sem dúvida, o mais marcante tem sido a relação com os professores do ICS que são extraordinários e incansáveis. Ao longo destes quatro anos, acompanharam o nosso caminho de crescimento e foram um exemplo de missão e de valores que queremos levar para a vida.

 

Durante o seu percurso, qual foi a especialidade que mais a marcou?

O ensino clínico de Cuidados de Saúde Mental, no Hospital Magalhães Lemos, foi muito distinto e marcante. É uma área importantíssima da saúde e no que toca à Enfermagem exige cuidados muito particulares e diferenciados dos cuidados gerais, que aprendemos maioritariamente durante a licenciatura. Para além disso, escusado será dizer que existe um enorme estigma e preconceito relativamente à saúde mental e é, também, por esse motivo que esta área é tão desafiante. Acredito que a Enfermagem ocupa um lugar determinante na área da Psiquiatria: os enfermeiros têm um papel fundamental junto das pessoas com doença mental e também assumem um papel ativo na promoção da saúde mental junto das comunidades.

 

“Foram anos muito exigentes e de muito trabalho.”

 

Também foi voluntária na CAtólica SOlidária. Em que atividade estava inserida e qual a importância do voluntariado?

A minha passagem pela CASO foi significativa para mim. Estive na área Ser+ Abrigo, onde acompanhei um jovem venezuelano, a quem dava aulas de português uma vez por semana. Foi uma experiência enriquecedora no meu percurso uma vez que me permitiu desenvolver ferramentas que utilizarei no dia-a-dia como enfermeira. Sou escuteira desde os meus seis anos e sempre estive inserida em ações de voluntariado. Essencialmente, identificamo-nos muito com a missão do serviço e em auxiliar aqueles que nos rodeiam. Como a própria divisa refere: “Sempre Alerta para Servir”. No fundo, termos a preocupação em acrescentar algo aos outros e, como Baden Powell escreveu, “Deixar o mundo um pouco melhor”.
É isto que me motiva.

 

Está no 4º ano da licenciatura e é, por isso, finalista. Qual a sensação de estar a chegar ao fim deste percurso?

Passou tudo muito rapidamente, mas foram anos muito exigentes e de muito trabalho. Estou felicíssima e quase com a sensação de missão cumprida. Destes quatro anos fica uma enorme responsabilidade. Somos a nova geração de enfermeiros, somos o sangue novo da profissão e queremos honrar tudo o que aprendemos e tudo aquilo que ainda temos para aprender.

 

“Acredito que a geração jovem de enfermeiros deverá trabalhar para ser o motor da mudança na profissão.”

 

Na semana passada, decorreu a Queima das Fitas. Qual é a importância desta semana para os estudantes finalistas?

É a semana pela qual todos os estudantes universitários anseiam, é uma semana extremamente bonita e emocionante. O dia do cortejo é, sem dúvida, o dia mais feliz do ano! É o momento onde celebramos em conjunto a nossa conquista e todo o esforço e empenho destes anos. Foi uma semana onde festejámos o fim deste ciclo e todo o caminho até aqui percorrido e, claro, o início dos próximos desafios.

 

Como é ser enfermeiro em Portugal?

Existem várias barreiras que têm de ser ultrapassadas. Falo especificamente da Enfermagem, mas há tantas outras profissões em Portugal que também deviam ser mais reconhecidas e valorizadas. Perante algum cenário mais negativo com o qual me vou deparando, tento manter o meu ânimo e entusiasmo, sempre focada na missão do serviço e no contributo que podemos dar para a melhoria da qualidade de vida das pessoas. Acredito que a geração jovem de enfermeiros deverá trabalhar para ser o motor da mudança na profissão.

 

Qual foi a sua cadeira preferida durante o curso?

História da Enfermagem e da Assistência. Foi bastante interessante perceber a evolução da profissão. Antigamente, os cuidados de enfermagem estavam relacionados com a caridade cristã e durante muitos anos manteve-se o vínculo a princípios religiosos. Atualmente, é uma área profissionalizada e com uma carreira estruturada.  Na minha opinião, somos este equilíbrio entre a técnica, a ciência e a arte de cuidar e de proximidade com quem mais precisa. Também gostei muito de Epidemiologia e Estatística.

 

O que gosta de fazer nos tempos livres?

De estar com as minhas amigas e de sair para dançar. Gosto, também, muito de fazer trabalhos manuais, colares e brincos com conchas e estrelas do mar, e adoro estar em contacto com a natureza e acampar. Claro, fui escuteira (risos).

 

Com o verão a aproximar-se, que local recomenda para se ir acampar?

Um dos acampamentos que mais me marcou foi pela antiga linha de comboio do Tua. Tem uma paisagem lindíssima. Fomos de mochila às costas pelo caminho de ferro e íamos acampando pelas várias estações. Recomendo!

 

18-05-2023