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Qual é papel dos enfermeiros na Saúde Mental Materna?: Escola de Enfermagem (Porto) assinala Dia da Saúde Mental Materna

A Escola de Enfermagem (Porto) da Universidade Católica Portuguesa assinalou o Dia da Saúde Mental Materna, que se celebra todos os anos na primeira quarta-feira do mês de maio, desafiando para a reflexão sobre o papel preponderante dos enfermeiros na identificação precoce e na intervenção nos problemas de saúde mental das Mães.

“Nasce um filho e nasce uma mãe”, afirma Maria João Guerra, docente da EE (Porto). Neste sentido, torna-se crucial que haja não só um cuidado com o recém-nascido, mas, também, com a “recém-mãe”, uma vez que decorrem grandes alterações hormonais e desequilíbrios emocionais, num período de grande adaptação a um novo papel.

Os enfermeiros especialistas em saúde materna e obstétrica são aqueles que mais competências têm para identificar e intervir nestas situações, uma vez que estão dotados de estratégias que podem partilhar com as recém-mães.

 

Os desafios da maternidade

Os enfermeiros, pela intervenção de proximidade, são aqueles que mais oportunidades têm para identificar alterações ao nível mental nas mulheres durante a gravidez, no parto e no pós-parto. O nascimento de um filho revela-se, assim, um momento de grande felicidade, mas também de diversos desafios, como a privação do sono, a alteração de rotinas familiares, as alterações ao nível emocional da mãe em relação ao novo “eu” que também nasce.

Perante tais fenómenos, é importante que os enfermeiros estejam atentos e dotados de competências para serem capazes de identificar alterações que podem ser patológicas, como a depressão pós-parto.

 

Como dar apoio a estas mães?

Maria João Guerra explica que uma das formas de dar mais apoio a estas recém-mães seria através de visitas domiciliares regulares por enfermeiros especialistas em saúde materna e obstétrica, nos meses após o nascimento do recém-nascido, uma vez que é no seio familiar que muitas vezes se denota, de forma subtil, indícios de alterações ao nível mental. Alguns desses indícios passam por aspetos que muitas vezes identificamos como normais numa mãe com um bebé recém-nascido, por exemplo, o olhar triste e vazio, o manter a casa sempre escura, o apresentar-se pouco cuidada, entre outras.

A intervenção terá de se iniciar pela via da promoção, sendo crucial que seja dada a oportunidade as estas mães, antes do parto, de saberem quais as emoções que poderão sentir, quais as estratégias que podem utilizar e quais os recursos que existem para as ajudar. Esta oportunidade não é dada na maioria das vezes, uma vez que a maioria dos cursos, quer de preparação para o parto ou de preparação para a parentalidade, não abordam as questões emocionais de uma forma mais aprofundada. Outro grande desafio prende-se com a falta de recursos públicos disponíveis. Os recursos pagos existem, mas têm um custo elevado, tornando-se inacessíveis para grande parte das pessoas.

03-05-2024