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Isabel Capeloa Gil: "Portugal, país por cumprir"

Católica no Porto
Isabel Capeloa Gil: "Portugal, país por cumprir"
Segunda-feira, 24 de Fevereiro de 2025 in Observador Online

Há algo de messiânico no famoso verso da Mensagem de Fernando Pessoa, que parece consagrar uma insuficiência estrutural, uma falta ou falha na afirmação do país.

“Cumpriu-se o Mar, e o Império se desfez.

Senhor, falta cumprir-se Portugal!”

Publicado em 1934, o poema O Infante fala de um país criativo, onde o homem (sem H) sonha e a obra nasce; de diálogo cultural, num mundo onde o mar une; de império, domínio e poder. A chave simbólica deste país é o mar. A sua liquidez imensa é impossível de dominar e por isso, ao cumprir-se o mar, o império inevitavelmente se desfaz. Mas o mar é também o espaço da possibilidade, da oportunidade, da emergência, do contacto. O cumprir-se o mar implica que Portugal nunca se poderá cumprir, e isso não é necessariamente mau.

Ao longo da história, o “cumprir” das nações tem sido orientado por uma ambição de poder que pressupõe não raro o “descumprir” de outras. Sob forma mais ou menos radical, recorde-se a busca do espaço vital da Alemanha nazi ou a União forçada das Repúblicas Socialistas Soviéticas. Mais perto de nós, a invasão recente da Ucrânia pela Rússia de Putin ou a persistência da operação israelita na Faixa de Gaza são exemplos de uma ideia de país como unidade espacial, demográfica, cultural e política una, fixa, dominante e imutável. A nação que se cumpre permanece rígida e imutável. Não se transforma.

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