
Artigo de Opinião por Leonardo Costa, Docente e investigador da Católica Porto Business School.
A economia desregulada que Milei está a instalar na Argentina beneficia, em primeira instância, os muito ricos deste mundo, e não as classes médias do país.
Vuelvo al Sur e El Infierno Tan Temido são duas músicas de Astor Piazzolla, um inovador do tango argentino. Carlos Gardel, que nasceu em França e emigrou com a mãe para a Argentina, foi um dos expoentes máximos do referido tango. O país também é conhecido por figuras marcantes como Juan e Evita Perón, Quino (criador da Mafalda), Jorge Luis Borges, Ernesto "Che" Guevara, César Luis Menotti, as Mães da Praça de Maio, Raúl Alfonsín, Julio Strassera e Luis Moreno Ocampo, Diego Maradona e Lionel Messi, Néstor e Cristina Kirchner, e o Papa Francisco, entre outras. O italiano Hugo Pratt (criador de Corto Maltese) viveu uma parte da sua vida no país.
Até o ano 2000, a Argentina era referida pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) como o exemplo a seguir. Desde então, não tem escapado a sucessivas crises. No Natal de 2023, visitei o país. Javier Milei tinha acabado de ser eleito Presidente, com o suporte das redes sociais. A inflação estava alta e o país tinha duas taxas de câmbio: a oficial, onde o peso estava sobrevalorizado em relação ao dólar; e a "azul", praticada pelas casas de câmbio. O Estado argentino encontrava-se sob um programa do FMI. Com fuga de capitais e carência de receitas fiscais, o governo anterior ao de Milei recorria à criação de moeda para financiar a despesa pública, agravando com isso a inflação. Para se protegerem da mesma, assim que recebiam os seus salários, as pessoas iam às casas de câmbio trocar os pesos por dólares, contribuindo para um excesso de procura de dólares e para a inflação.